quarta-feira, 6 de novembro de 2013
Amor é isso, não é? Segurar as pontas, quando mal se aguenta. Equilibrar-se por dois sobre uma corda só. Não conseguir dormir porque o outro te preocupa mais do que qualquer coisa. Amor é isso, não é? Não abandonar, não desistir, ainda que o barco vire, que ponte caia, que o chão desabe. Buscar aquilo que é melhor, mesmo não trazendo sorrisos imediatos. Não ter o egoísmo e nem a malícia de permanecer só enquanto está tudo bem. É aguentar tomar chuva, mesmo resfriado há tempos, enquanto não consegue empurrar o outro para debaixo de um teto. É suportar mais do que dizíamos capazes. É perdoar o imperdoável. Tentar carregar o dobro do nosso próprio peso. É repetir um milhão de vezes a mesma coisa, se necessário, por mais que a paciência esteja esgotada. Remar sozinho quando o outro não tem forças. Quando não oferece ajuda, quando está muito ocupado ou quando não tem tempo. Amor é isso, não é? muito além do desespero de uma paixão consumida em chama. Muito mais que ter alguém para acompanhar nas festas, para ligar à noite, quando não se tem o que fazer; Muito mais que alguém para suprir carência com abraços e beijos. É ter alguém sem possuir. É tornar-se, ao mesmo tempo, morada e local de fuga. É ser professor, psicólogo e companheiro de dança, tudo ao mesmo tempo. É enfrentar o escuro em um lugar desconhecido, com a certeza de que haverá uma mão para amparar qualquer queda. Deixar a zona de conforto porque o outro pede socorro. Mergulhar em um rio congelado e profundo, nadar quantas milhas puder, engolir água, choro e medo, aguentar o frio e a dor, porque alguém lá no fundo espera suas mãos trêmulas e conta com a sua coragem para carregá-lo até a margem. Mergulhar, sem olhar o peso no próprio bolso, nesse rio de águas misteriosas. Esse rio chamado amor.
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